A cultura de personificar o bandido nas pessoas negras e
pobres da periferia está tão enraizada no pensamento geral, que até um negro e
pobre da periferia se torna partícipe desta rotulagem preconceituosa
Estou me referindo a “Nota da Polícia Militar” veiculada no blog do Jailton da Penha no dia seguinte aos assaltos ocorridos no domingo a tarde (30/04), onde para ilustrar a publicação, o blogueiro que é negro, de origem humilde e periférica de Santa Isabel, utiliza uma fotografia de seu acervo onde policiais militares revistam dois jovens negros, de origem humilde e residentes da periferia bom-jesuense.
Porque ilustrar uma nota da PMERJ sobre a onda de
assaltos com a fotografia de dois jovens sendo revistados por policiais?
Seria
a pretensão de passar “sensação de segurança” com a PM dando “baculejo-na-galera-da-periferia”?
O que torna a ilustração da “Nota da Polícia Militar”
preconceituosa, se dá nas próprias informações veiculadas no mesmo blog quando
este deu o furo de reportagem sobre os quatros assaltos e as outras tentativas
no dia anterior, onde a matéria fornece a informação de que os criminosos
estariam utilizando uma camionete Toyota Hyllux, e que os mesmos utilizaram
equipamentos sofisticados, jamais vistos antes em qualquer ocorrência em BJI,
que jamais seriam utilizados, tanto a camionete como os equipamentos, por
infratores negros, pobres e periféricos.
Se deixarmos de lado o estigma preconceituoso proposto na
fotografia em desfavor dos jovens negros e periféricos abordados pelos
policiais, a mesma fotografia também pode ser utilizada como fonte de crítica
do quanto precário está nosso aparato público de segurança, ficando assim
ilustrado na mesma imagem que a PMERJ em BJI tem suas ações restringidas
somente ao combate de pequenos suspeitos e criminosos negros, pobres e periféricos, sem
jamais nos apresentar resultados contra criminosos do calibre da “turma-da-Hyllux-preta”
que aterrorizou a cidade, ou criminosos bem vestidos ou do colarinho BRANCO.
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