A inexistência da atenção básica que reflete no PU – O maior desafio de Pedro Renato

Em 2002 um dentista de PSF recebia o equivalente a 5 salários mínimos, hoje recebe menos de dois salários, com os médicos a defasagem é maior

Bom Jesus do Itabapoana tem a pior remuneração para os profissionais do sistema de atenção básica de saúde, os PSF’s, se comparado com qualquer um dos três municípios do “ABC” capixaba, um médico tem salário de R$ 3.500,00 repassados pelo governo federal, além do PMAQ todos os meses na faixa de R$ 500,00, resultando em mais de R$ 4.000,00/mês, já em Bom Jesus do Itabapoana o mesmo profissional ganha pouco mais de R$ 2.000,00.



O secretário Pedro Renato Teixeira já detectou esta indigesta herança deixada pelo governo anterior, que estipulou esta ridícula política salarial para os profissionais da atenção básica no edital do processo seletivo de 2010, e neste se agarrou de todas as formas para manter esta miséria remuneratória que faz do sistema meramente de fachada, sem a menor eficácia.

Este espinhoso problema criado e sustentado pelo governo passado fez com que o serviço de atenção básica se desintegrasse dos bairros, sobrecarregando o PU, onde já obtive a informação em passado recente que 70% dos atendimentos no posto de urgência e emergência, são consultas clínicas que deveriam ter sido realizadas nos PSF’s, em vez de atendidas no PU, que sempre está sobrecarregado e com graves deficiências de pessoal e equipamentos.

O sistema de atenção básica instituído pelos governos Branca Motta, consiste na velha máxima do ex-jogador Vampeta quando esteve no Flamengo, quando contestado sobre seu rendimento em campo, ele respondia, “eles fingem que me pagam, e eu finjo que jogo”, e é este o cenário nos PSF’s de Bom Jesus do Itabapoana, a secretaria de saúde finge que paga decentemente, e alguns médicos fingem que trabalham a contento.

Em recente conversa com o presidente do Legislativo, vereador Léo Xambão, o mesmo comentou que tem recebido reclamações de moradores de alguns bairros em que os médicos não cumprem com a carga horária, e atendem com pouco paciência, emendando ele mesmo que seria impossível cobrar dos médicos com a remuneração que se paga atualmente.



Aliado ao todo acima exposto, ainda temos que indagar porque o convênio entre prefeitura e o hospital para funcionamento do PU, até dezembro de 2016 funcionava com determinada quantidade de médicos plantonistas, e a partir de janeiro de 2017 teve que cortar o número de profissionais, com os gestores do hospital “garantindo” que a população não ficaria desassistida.



A sobrecarga no PU gera conflitos e tensões, como na tarde de quarta-feira (05/04), com uma cidadã protestando contra o tratamento dispensado a ela e outros pacientes em espera, com o prefeito e o secretário de saúde chegando ao local momentos depois do protesto ser veiculado nas redes, um sinal de novos tempos com gestores atentos e preocupados com os contribuintes, que antes se esgoelavam diante do desprezo do governo anterior.

Diferente do secretário de saúde do governo passado, que propagava um sistema de saúde dos sonhos em Bom Jesus do Itabapoana, o atual secretário já reconheceu todos esses problemas estruturais e de pessoal tão logo assumiu a pasta, e já estabeleceu como meta em entrevista na rádio Transvale FM, o fortalecimento do sistema de atenção básica como meio de sanar a maioria dos problemas de nossa saúde pública.


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