Prisão de Garotinho | Estado policialesco ao ponto da justiça eleitoral prender depois das eleições

A manchete com a imagem de capa dos links compartilhados nas redes sociais, “URGENTE! Garotinho é preso pela Polícia Federal no Flamengo”, nos faz entender que se trata de mais um medalhão político envolvido nos desdobramentos da Operação Lava Jato, mas o texto nos revela que temos controvérsias neste mandado de prisão



O motivo da prisão do ex-governador se relaciona a “Operação Chequinho”, que tramita na JUSTIÇA ELEITORAL na 100º Zona de Campos dos Goytacazes, em que de fato existe um discrepante número de beneficiados que foram inseridos no programa social do município, denominado como “Cheque Cidadão”, nos dois meses que antecederam o processo eleitoral, existem sim robustos indícios do uso eleitoral do programa social.

O que soa arbitrário é a prisão do ex-governador, haja visto que o processo eleitoral já se encerrou a quase quarenta e cinco dias, e com o grupo político do alvo da operação sendo fragorosamente derrotado nas urnas, ou seja, não há motivo nenhum dentro da seara ELEITORAL que justifique prender o ex-governador, não há risco de se desequilibrar o pleito em virtude das supostas fraudes do programa que estão sendo alvo de INVESTIGAÇÃO.

Dentro da legislação eleitoral não há dentro do campo das punibilidades a detenção, prisão ou reclusão como pena condenatória, as prisões da justiça eleitoral são realizadas dentro do período eleitoral e mesmo assim em flagrante para evitar e prevenir contra a possibilidade de desequilíbrio do pleito, sempre antes das eleições.

Como exemplo de casos em que a justiça eleitoral efetua uma prisão, temos o caso do vereador mais votado de Bom Jesus do Itabapoana em 2016, Sérgio Crizóstomo, que em 2014 foi alvo de mandado de busca e apreensão e foi preso em flagrante com dinheiro e material publicitário de seus candidatos, isso no dia das eleições gerais de 2014, mas esta mesma justiça eleitoral de tão morosa em determinados casos e aliados, que o vereador flagrado em 2014 se reelegeu em 2016.

Segundo reportagem veiculada no Jornal Hoje da TV Globo, agentes da PF que participaram da operação informaram que nas buscas realizadas foram encontradas provas que confirmariam o uso eleitoral do programa, o que por si só já faz a prisão do investigado arbitrária e desnecessária, pois se já encontraram as provas necessárias não há hipótese de se obstruir ou sabotar as investigações com o ex-governador em liberdade.


A tendenciosidade da reportagem do JH se observa quando eles fazem questão de frisar que Garotinho é evangélico e “ligado” a Igreja Presbiteriana, em vez se se utilizar o termo “fiel” ou “frequentador” da Igreja Presbiteriana, eles utilizam o termo “ligado” dando uma conotação de criminalização da própria instituição religiosa como s Garotinho fosse um dos gestores da Igreja Presbiteriana.

A reportagem que noticia que a prisão do ex-governador foi motivada pela “Operação Chequinho” que “investiga uma quadrilha que trocava o benefício social por votos”, mas a justiça eleitoral não prevê investigação ou julgamento do crime de organização criminosa, ou formação de quadrilha, e sim de abusos de poder político, econômico, de autoridade, captação ilícita de sufrágio, conduta vedada e propaganda eleitoral irregular, extemporânea, negativa ou positiva, mas jamais formação de quadrilha.

Por outro lado, o ex-governador vem travando uma virulenta batalha de comunicação contra supostos abusos de três autoridades de Campos dos Goytacazes que conduzem as investigações da citada operação, o que associa que esta prisão poderia ser mais motivada pela retaliação do que propriamente para garantir o bom andamento das investigações, que já avançaram a ponto da própria PF informar ter encontrado as provas que confirmam o uso eleitoral do programa.

Qualquer cidadão tem todo direito de ser investigado sob as regras estabelecidas em um verdadeiro Estado de Direito, mesmo o ex-governador Anthony Garotinho, sem que se tenha atropelos e decisões arbitrárias que já nos mostram reflexos e tendências impostas pelas arbitrariedades da Operação Lava Jato.

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