Arthur Soffiati
Uma planta sintetizando os serviços de engenharia hidráulica realizados pela Comissão de Saneamento da Baixada Fluminense, criada pelo Governo Federal em 1933, e por seu sucessor, o DNOS, até fins de 1950, mostra que o grosso das intervenções concentrava-se na margem direita do Rio Paraíba do Sul.
As intervenções
humanas sobre ambientes necessários à saúde do manguezal do Rio Itabapoana
afetam diretamente este ecossistema Estamos falando do mar, do rio e das
formações vegetais nativas contíguas. Comecemos pelas ações no rio. Já no
século 19, estava projetado um canal ligando um ponto do baixo curso do
Itabapoana a outro, de modo a suprimir meandros e brejos, encurtando o trecho
navegável. Este projeto aparece com clareza na Nova Carta Corográfica da
Província do Rio Janeiro feita por Pedro D’Alcantara Bellegarde e Conrado Jacob
de Niemeyer, publicada no Rio de Janeiro, em 1865, por Eduardo Bensburg. O
canal também aparece no mapa da Província do Rio de Janeiro, que integra o
Atlas do Império do Brasil, de autoria de Candido Mendes de Almeida (Rio de
Janeiro: Arte & História, 2000).
Com o fim de submetê-lo aos imperativos de atividades econômicas agropecuárias
ou de domesticá-lo para não causar, com suas cheias, danos a núcleos urbanos,
lemos em Exaguamento e Drenagem para Recuperação de Terras e Defesa contra
Inundações em Regiões e Cidades Brasileiras (Rio de Janeiro: Departamento de
Imprensa Nacional, 1949), relatório do Departamento Nacional de Obras e
Saneamento (DNOS), que a representação deste órgão, no Estado do Espírito
Santo, foi criada em 1944, de pronto executando obras em afluentes do Rio
Itabapoana e no Rio Novo, com excelentes resultados para o aproveitamento de
terras. A parte sul do Estado foi a mais aquinhoada pelo DNOS.
Uma planta sintetizando os serviços de engenharia hidráulica realizados pela Comissão de Saneamento da Baixada Fluminense, criada pelo Governo Federal em 1933, e por seu sucessor, o DNOS, até fins de 1950, mostra que o grosso das intervenções concentrava-se na margem direita do Rio Paraíba do Sul.
Nenhum trabalho está
assinalado na bacia do Rio Itabapoana em sua vertente fluminense. O canal
projetado não fora ainda construído.
Onze anos depois, o DNOS encomendou ao Escritório Hildalius Cantanhede
Engenharia Civil e Sanitária Sociedade Limitada um levantamento do Vale do
Itabapoana para fins de dragagem, retificação e sistematização, além de outras
obras necessárias a sua regularização e a um melhor aproveitamento de suas
águas e terras. Em suas 42 folhas na escala de 1:20.000, o manguezal vem
assinalado nas folhas 1 (primeira parte da planta de conjunto), 2 e 3. Sem
muitos detalhes, ele aparece sob a designação simples de mangue, principalmente
no lado do Espírito Santo, onde, até hoje, apresenta-se menos danificado. Junto
à foz, pela margem esquerda, foi registrado o canal capixaba do rio com o
vocábulo gamboa, que significa braço remansoso.
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Leia
os artigos anteriores dessa série
Memórias
do Rio Itabapoana - 1
Memórias
do Rio Itabapoana - 2
Memórias
do Rio Itabapoana - 3
Memórias
do Rio Itabapoana - 4
Memórias
do Rio Itabapoana - 5
Memórias
do Rio Itabapoana – 6
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