OG: A senhora é estudiosa da relação entre as novas tecnologias de
comunicação e o direito. Como a internet pode ajudar a nossa democracia?
LS: Num dos seus livros, Fernando Henrique Cardoso comenta
exatamente isso. A internet com certeza vai influenciar muito. E ele faz um
parâmetro bastante interessante. O que ele diz é que os partidos políticos
tinham muita força, porque precisávamos fazer um grupo, precisávamos estar
reunidos. Então, nós tínhamos grupo de tudo. O partido político era isso, uma
agremiação de ideias e de amigos. Com a internet, não há mais necessidade de
você sair de casa para procurar o seu grupo. O seu grupo é o seu mundo dentro
da sua sala, do seu quarto, na sua casa. Evidentemente, essa modificação de
busca de grupos vai influenciar. De que maneira? Não sabemos. Realmente
começamos a ver que ninguém mais vai para partido político. Os partidos estão
cada vez mais perdendo força.
OG: Esse é um problema que afeta a participação dos jovens na
política, não?
LS: O jovem não vai para partido político porque ele não precisa
daquilo. Por quê? Porque ele precisa se conectar, e ele está conectado com o
mundo através da internet. Agora, como vai se operar essa mudança (o uso da
internet nos processos eleitorais), ainda é incipiente. Tivemos recentemente
decisões com placar apertado no TSE, onde se discutiu justamente se a internet
poderia ser usada como veículo de propaganda, como veículo de comunicação
política. Eu acho que terá que ser. Isso vai acabar acontecendo.
OG: A senhora é favorável a um maior uso da internet nos processos
eleitorais?
LS: Que isso vai evoluir e que vamos precisar de novos mecanismos,
sem dúvida. Esse é para mim o grande desafio. A internet é muito recente. As
redes sociais são mais recentes. Estamos aprendendo a lidar com as redes. A
grande maioria dos julgadores, principalmente nas cortes superiores, reage às
redes sociais e à internet, mas essa mentalidade vai acabar evoluindo. E essa
evolução vai ser muito bonita de acompanhar. Não vejo outra saída. Não sei se
daqui a cinco anos teremos outro instrumento de comunicação, mas o que temos
hoje é isso. É o Twitter, o Facebook e o Instagram. É o que todo mundo está usando.
Você só tem uma maneira de mobilizar o jovem, e esse pode ser o caminho.
OG: Mas ainda convivemos no Rio com inúmeros crimes eleitorais que
afetam a participação do cidadão.
LS: A compra de votos existe em quase todos os locais. Às vezes,
não é uma compra em que se entrega dinheiro, mas se entrega um benefício. Isso
a gente tem, talvez até pela cultura da população, em que todo mundo quer
buscar o apoio do Estado para alguma coisa. O Estado babá existe até hoje. Essa
busca do Estado babá acaba levando a essa troca, porque a nossa população é
pobre, necessitada, e acaba recorrendo aos centros sociais espalhados por
vários lugares.
OG: Como o TRE pode ajudar a evitar esses crimes eleitorais?
LS: Vou criar uma unidade de segurança e inteligência. Esse departamento
vai mapear o Estado do Rio e identificar os locais onde há prática de alguma
irregularidade. Depois, vamos chamar os partidos aqui para que eles tomem
providências antes de o processo eleitoral começar.
Leia mais sobre esse assunto em: http://oglobo.globo.com/rio/nova-presidente-do-tre-defende-uso-da-internet-como-ferramenta-para-atrair-jovens-para-politica-7449737#ixzz2JW0zyMRc
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