A polêmica Criminosa


Foi realizada nesta terça feira (29-01-13) uma reunião entre membros do departamento de meio ambiente da prefeitura municipal de Bom Jesus do Itabapoana (Edmundo e Alex) e membros da comunidade de Calheiros, em que o objetivo foi comunicar a comunidade local que o destino da lendária “Árvore Criminosa” de Calheiros terá que ser suprimida (removida ou cortada até a base do tronco) entre os dias 05 e 06 de fevereiro de 2013. Tal decisão está gerando uma grande polêmica no distrito de Calheiros em virtude da importância histórica dessa árvore que figura inclusive no hino de Calheiros, essa árvore de espécie popularmente denominada como “Farinha seca” está com problemas na base do tronco em virtude dos muitos ataques de cupins e outras pragas, e por ser muito alta ela oferece grande risco aos moradores próximo a ela.  Abaixo vou relatar essa história que se iniciou em 2007.

Em 2007 o então presidente da associação de Desenvolvimento Rural de Calheiros (ADRUC) Senhor João Luiz Carreiro enviou um ofício em nome da associação à prefeitura solicitando providências ao inicio do processo de deterioração da base do tronco da “Árvore Criminosa” alegando que pela importância histórica e cultural esse patrimônio natural de Calheiros merecia toda atenção para a devida recuperação.

Em 2009 o então vereador Eraldo Salutto enviou à prefeitura um ofício legislativo solicitando providências ao poder executivo para o tratamento de recuperação da histórica árvore iniciando assim um processo movido pelo descaso do poder público com os valores históricos e ambientais. Esse ofício protocolado pelo vereador Eraldo somente teve uma resposta prática e efetiva do executivo municipal em 2011 quando este enviou o então secretário de agricultura José Luiz Rezende uma pessoa para realizar uma avaliação dos danos causados na base do tronco da árvore. E segundo consta é que essa pessoa relatou os danos causados por ataques de cupins e outras pragas e que este recomendaria a supressão da árvore o quanto antes, passou mais de um ano e a árvore continuou sem o menor sinal que estaria desabando.

Acontece que na reunião desta terça feira os técnicos do governo apresentaram essas alegações sem levar a Calheiros uma cópia desse laudo técnico que recomenda a supressão. Perguntei se essa avaliação fosse feita ainda em 2009 se o resultado poderia ser outro, fui informado que não, que o processo de deterioração é gradativo e que houve poucas mudanças no quadro de deterioração entre 2009 e 2011, isso prova que o governo junto a defesa civil foram negligentes com as pessoas que residem no entorno da árvore, pois se em 2009 ela já estava com a deterioração avançada ela teria que ser imediatamente suprimida.

Mas depois de terminada a reunião, ficamos conversando com os dois representantes do poder executivo e questionamos se havia algum laudo técnico assinado e carimbado por um especialista (engenheiro agrônomo ou florestal) e a resposta que tivemos é que tal avaliação foi em caráter informal e que este estava avalizado pela defesa civil municipal, a mesma que em 2012 decretou a situação de emergência fraudulenta que está sendo questionada pelo Ministério Público Federal. Vejam bem meus amigos, o governo decidiu exterminar um patrimônio histórico sem que houvesse uma avaliação séria por pessoas qualificadas. Com base em um parecer fajuto sem assinatura vão suprimir um patrimônio natural de mais de 170 anos que inclusive está preservado de acordo com nosso plano diretor de novembro de 2006 e que até hoje não foi regulamentado.

A comunidade de Calheiros em sua maioria está perplexa com essa decisão diante de tantas dúvidas e questionamentos, o governo sequer fez um estudo de como suprimir essa gigantesca árvore sem oferecer riscos aos moradores e ao Rio Itabapoana, existem inclusive rumores de interesses especulativos imobiliários na derrubada dessa árvore que valorizaria  as casas e terrenos próximos a ela quando não houvesse mais o risco de desabamento. Mas é importante lembrar que ela está muito próximo à margem do Rio Itabapoana em uma APP (Área de Preservação Permanente), muitos não conseguem entender como uma árvore pode estar condenada se ela ainda produz vida em sua copa, as folhas estão verdes e saudáveis sem o menor sinal de algum problema que a condene, a situação chegou a esse ponto somente pelo descaso do poder público com as questões históricas e ambientais de nosso município, pois desde 2007 este vem sendo alertado tanto pela comunidade como pela autoridade legislativa sobre a situação da árvore. Aos poucos os negligentes de nossa história estão apagando nossa própria identidade.

Comentários