Foi lançado em 15 de outubro de 1940 e
satiriza o nazismo, o fascismo e seus maiores
propagadores, Adolf Hitler e Benito Mussolini. Foi o primeiro
filme falado de Chaplin também. Na ocasião de seu lançamento, os Estados Unidos
ainda não tinham entrado na Segunda Guerra Mundial. O filme começa
durante a Primeira Guerra
Mundial. Chaplin é um cadete do exército da nação fictícia
da Tomânia e tenta salvar um soldado chamado Schultz (Reginald Gardiner). O personagem de
Chaplin perde a memória quando o avião dos dois colide
com uma árvore. Schultz escapa
das ferragens, e Chaplin passa seus próximos vinte anos no hospital, enquanto muitas
mudanças acontecem em Tomânia: Adenoid Hynkel (também
interpretado por Chaplin), agora o grande ditador da Tomânia,
perseguia judeus com a ajuda dos ministros Garbitsch (Henry
Daniell) e Herring (Billy Gilbert).
Adenóide Hynkel e
Benzino Napaloni são paródias a Adolf Hitler e Benito Mussolini, respectivamente. O nome de Napaloni é também
uma vaga referência a Napoleão Bonaparte. A terra de Osterlich
referencia a Áustria, cujo nome em alemão é Österreich.
Paulette Goddard, que faz a personagem Hannah, era esposa de Chaplin. No
momento em que o Barbeiro Judeu faz a barba do careca e faz toda aquela
coreografia toca a 5ª dança húngara de Brahms.
A famosa cena em que Adenóide Hynkel dança com o globo terrestre foi
usada na abertura da telenovela O Dono do Mundo, de Gilberto Braga, em1991. A música ouvida na cena onde Hynkel dança com o
globo é da ópera Lohengrin, de Richard Wagner.
O ponto marcante do filme ficou reservado para o seu final em que Chaplin faz um discurso espetacular sobre direitos humanos e em crítica ao nazismo. Segue abaixo o discurso na íntegra
"Sinto muito, mas não
pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou
conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o
gentio... negros... brancos. Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres
humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o
seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste
mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as
nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da
beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou
no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a
miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos
enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em
penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência,
empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de
máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de
afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será
perdido.
A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A
própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um
apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a
minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de
desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que
tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo:
“Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o
produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do
progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o
poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem
homens, a liberdade nunca perecerá.
Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que
vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que
ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem
marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos
tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois
máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não
odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!
Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela
liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de
Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, mas dos
homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar
máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar
esta vida livre e bela... de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em
nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um
mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê
futuro à mocidade e segurança à velhice.
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm
subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o
cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para
libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e
à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o
progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia,
unamo-nos!
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