Por Arthur Soffiati
Consultando o "Atlas do Império do
Brasil", lançado por Candido Mendes em 1868, mapa correspondente à
Província do Espírito Santo, verifica-se que, a partir do rio São João, que faz
divisa entre as Províncias de Minas Gerais e Espírito Santo, o rio passa a
chamar-se Itabapoana, recebendo pela margem direita, como principais afluentes,
os rios de Santo Eduardo e de São Bernardo, já figurando nele um canal
projetado entre a foz do segundo rio e uma curva à jusante do próprio
Itabapoana. Pela margem esquerda, apareciam os rios dos Veados, do Jardim, São
Pedro e Muqui (ALMEIDA, Candido Mendes de. Atlas do Império do Brasil. Rio de
Janeiro: História, 2000). Curioso é que, examinando o mapa correspondente à
Província do Rio de Janeiro no mesmo Atlas, as informações mudam ou são
enriquecidas. Pela margem direita do rio em estudo, figuram como tributários os
rios do Ouro, da Onça, Sant o Eduardo, São Bernardo e o canal projetado.
Pela margem esquerda, três rios maiores aparecem,
mas apenas o rio Preto é nomeado. Figuram as cachoeiras de Ponta de Pedra e do
Inferno. Junto à foz, pelo lado esquerdo, há o registro de uma lagoa sem nome
no lugar ocupado outrora pela lagoa de Morobá. Um antigo dicionário de rios
esclarece que ele banha os Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas
Gerais, sempre uma forma antropocêntrica de conceber os rios e as lagoas, como
se as unidades político-administrativas, depois de fundadas, passassem a se
beneficiar de um rio ou de uma bacia hídrica que lhes seria posterior. Jamais
se enuncia que as unidades administrativas e urbanas é que se estabelecem às
margens de um rio.
No verbete, o dicionário prossegue explicando que
as cabeceiras do rio situam-se na serra do Caparaó, com o nome de rio Preto,
recebendo o topônimo de Itabapoana depois de coletar as águas do rio Verde. Com
curso de 264 quilômetros, dos quais 66 navegáveis entre a foz e a vila de seu
nome, corta solos cuja fertilidade é a melhor do Estado depois da capital.
Acidentado, em seu curso assinalam-se as cachoeiras de Santo Antônio, Inferno,
Limeira e Fumaça, esta última com 100 metros de altura. Observa ainda que sua
largura média oscila em torno de 65 metros, com profundidade mínima de 1,80 m.
Margeado por terras excelentes para o cultivo de café e de cana, assim como
para a pecuária, todo o vale é relativamente bem cultivado e movimentado. Seu
destino é o oceano Atlântico, com desembocadura entre a lagoa de Morobá e a
ponta das Arraias (ROCHA, João Clímaco da. Dicionário Potamográfico Brasileiro.
Rio de Janeiro: s/e., 1958).
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
Arthur Soffiati é Doutor em
História Ambiental pela UFRJ.
Comentários
Postar um comentário