Documentário ‘Charlie is my darling’ retrata os Rolling Stones ainda Inocentes.


Documentário de Peter Whitehead acompanha a então jovem banda numa turnê pela Irlanda em 1965, revelando pistas para se decifrar o grupo que agora festeja 50 anos.
RIO - Se num dos mais recentes DVDs que os Rolling Stones fizeram com material sacado do arquivo, “Some Girls: Live in Texas ‘78”, impressionava ver a banda apresentando-se sem qualquer estrutura aparente de segurança, num pequeno teatro, pingando suor no público, em “Charlie is my darling” (Universal Music) a intimidade é levada a um nível ainda mais inacreditável. Enfim restaurado em sua integralidade (sonora e visual, principalmente graças a recursos tecnológicos), o documentário do diretor Peter Whitehead acompanha a jovem banda inglesa de r&b, recém-bafejada pelo sucesso — de “(I can’t get no) satisfaction”, musica de sua lavra —, em uma turnê pela Irlanda, em setembro de 1965. Toda a degradação, toda a imagem perigosa dos Stones, de inimigos-públicos-número-um do rock, ainda estava longe daquilo a que chegaria nos anos 1970. A inocência é o aspecto mais perceptível, numa primeira vista. Mas esse filme sério, oposto em vários sentidos a “Os reis do iê-iê-iê”, dos Beatles, deixou pelo caminho algumas boas pistas para se decifrar essa banda que resiste na estrada, comemorando 50 anos.




Divisões evidentes
Brincalhões, os Stones eram como qualquer pessoa de 23 anos de idade, de origem pouco ou nada aristocrática, fazendo aquilo com que sequer sonhavam. Mas as divisões de personalidade e propósitos já ficavam evidentes nesse documentário. Alma desgarrada (e, para alguns, “A alma”) do grupo, o louro guitarrista Brian Jones (que seria afastado um pouco antes de sua morte misteriosa, na piscina de casa, em 1969) começa o filme dando suas nada diplomáticas impressões para a câmera. “Cá para nós, o futuro dos Rolling Stones é incerto. Meu objetivo principal na vida nunca foi ser um astro pop. Gosto disso... Mas não estou realmente satisfeito com isso, artística ou pessoalmente”, diz ele.


Do outro lado, o baterista Charlie Watts e o baixista Bill Wyman (que pediria sua aposentadoria do grupo em 1993, caminhando para os 60 anos de idade) são convencionais, pouco animados em suas falas. Já o vocalista Mick Jagger e o guitarrista Keith Richards (que, naquela época, tinham acabado de firmar, com “Satisfaction”, uma das parcerias mais frutíferas do rock) comandam a história toda. Seja no palco, nos bastidores ou no piano do bar do hotel, debochando de Elvis Presley em uma sensacional paródia alcoolizada de “Santa, bring my baby back to me”.



De 1995, Stripped é considerado um dos melhores trabalhos dos Rolling Stones





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